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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sobre As Vozes Inaudíveis


"Não tenho mais interesse em participar daquele circo todo, exceto, talvez, quando seus organizadores passarem a destinar algum valor em dinheiro ao vencedor na categoria de dramaturgia, que é um alicerce tão importante quanto a direção e a atuação num espetáculo."

Diones Camargo, em entrevista ao Segundo Caderno do jornal Zero Hora, em 22/05/2012. - LEIA AQUI.



Que os jornalistas são uma espécie de megafones que às vezes tornam audíveis vozes abafadas, isso todos sabemos. Para o bem e para o mal, isso acontece no mundo todo. Agora, que os nossos jornalistas daqui do RS às vezes fazem um trabalho precioso de divulgação não apenas das nossas conquistas na área cultural, mas também das nossos retrocessos e imobilidades, é também outro fato que merece ser lembrado. Profissionais como Vera Pinto e Fábio Prikladnicki, que em 2011 e 2012 escreveram - no Correio e na Zero Hora, respectivamente - perfis e extensas matérias sobre as minhas peças, fato que elevou o interesse do público e dos artistas pelo meu trabalho; Michele Rolim, do JC, que sempre faz questão de divulgar amplamente a estreia de qualquer um dos meus projetos; Renato Mendonça, que várias vezes deu espaço aos espetáculos nos quais trabalhei quando ainda escrevia no Segundo Caderno da ZH. (sem esquecer do saudoso Hélio Barcellos Jr., que uma vez deu cobertura a outra das minhas críticas públicas mais ferozes...) São esses profissionais que, ao servirem de porta-vozes de uma opinião que diverge da maioria, possibilitam que um tipo de protesto silencioso como o que eu fiz neste ano durante a cerimônia de entrega dos Prêmios Açorianos de Teatro 2012, na última sexta, quando me recusei a ir buscar o troféu de Melhor Dramaturgia que ganhei por Os Plagiários - um inventário ficcional sobre Nelson Rodrigues, não passem em brancas nuvens e sejam vistos como simples atos inconsequentes, como muitos pacatos insistem em dizer por aí. São esses profissionais que quase diariamente sublinham e destacam (em suas páginas da mídia impressa) para que os leitores e o grande público tomem conhecimento do que todos nós, artistas, já sabemos: que algumas estão mudando pra melhor, sim, mas que ainda há muitas outras a melhorar. OBRIGADO e continuem fazendo esse trabalho corajoso e relevante ao nosso Estado.

A BAIXO, imagem da capa do caderno ARTE E AGENDA, com matéria escrita por Vera Pinto no jornal Correio do Povo do dia 17 de dezembro de 2012.






sábado, 22 de dezembro de 2012

"Os Plagiários" recebe 3 prêmios, incluindo Melhor Texto




Todo final de ano é a mesma coisa: correria, consumo desenfreado, esperanças renovadas, listas e premiações de melhores do ano, etc. E este ano não foi diferente... Há pouco mais de uma semana a minha peça mais recente, Os Plagiários - uma adulteração ficcional sobre Nelson Rodrigues, recebeu 3 Prêmios Açorianos de Teatro 2012, em cerimônia que ocorreu na noite de 14 de dezembro.




O espetáculo que estava indicado em 9 categorias, incluindo Melhor Espetáculo e Melhor Direção, acabou levando os prêmios de Melhor Dramaturgia (eu), Melhor Atriz Coadjuvante (Gabriela Greco) e Melhor Figurino (Daniel Lion).




Depois de 6 indicações concorrendo nesta mesma categoria (Melhor Dramaturgia), esta é a primeira vez que levo o prêmio. E apesar da minha opinião a respeito do mesmo (ver texto no final deste post), tenho pra mim que o meu prêmio maior foi ter conseguido desviar da ira de quatro diretores que lutavam para juntos encenarem uma história que por vezes parecia não fazer sentido nenhum, exceto na minha cabeça; de ter entrado num processo com 24 atores e buscado mostrar a cada um deles detalhes e informações que muitas vezes passavam desapercebidos a todos; e, principalmente, ter - durante esses 7 anos de carreira como dramaturgo - trabalhado com alguns dos melhores atores e encenadores que esse Brasil pode se orgulhar de ter. E isso tudo ganhando infinitamente menos que qualquer dramaturgo do centro do país ganha num único arrasa-quarteirão que entra em cartaz por lá! 




Portanto, como me recusei a ir na cerimônia de entrega dos troféus desse ano* e passei a semana ocupado demais com coisas bem mais importantes, não me pronunciei ainda (exceto no meu programa semanal na rádio Mínima.FM, o OverDrama, em que falei algumas palavras) a respeito do Prêmio Açorianos que finalmente recebi, vou fazer isso agora. neste blog: 

Agradeço a algumas pessoas (a maioria delas já mortas): em primeiro lugar e acima de todos, ao meu amigo Nelson Rodrigues que topou generosamente escrever essa peça à quatro mãos comigo e permitiu que eu usasse trechos de sua genial peça Vestido de Noiva no meio desta minha singela cópia; ao Ruy Castro, cuja biografia detalhadíssima me serviu de fonte constante para esta pesquisa; a Carlos Drummond Andrade, Manuel Bandeira, Cacilda Becker e Ziembinski, pelas suas almas gigantescas presentes em cena com todos os outros personagens; aos dramaturgos Samuel Beckett, Tenneessee Williams, Tony Kushner, Luigi Pirandello, Allan Ball, Nikolai Gógol e Diones Camargo (sim, isso mesmo!) pelas inspirações quanto à estrutura de algumas cenas ou falas emprestadas de suas peças e que foram inseridas no meu (agora) premiado texto. Dito isso, dedico esse prêmio a TODOS os dramaturgos de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, PREMIADOS OU NÃO, sem exceção, que acreditam sinceramente nos seus trabalhos e nas peças que escrevem, e que seguem corajosamente, a despeito do pouco incentivo dado pelas instituições públicas ou do reconhecimento da nossa alegre máquina de elogios. 

Falando nela, peço aos críticos desta cidade que sejam mais conscientes das suas responsabilidades ao emitirem opiniões sobre os trabalhos dos artistas e que tomem mais cuidado para não confundir um determinado ator com outro, ou figuras importantes como Cacilda Becker com outras de nome parecido (sim, isso aconteceu por aqui por esses dias...). Obrigado aos jurados que votaram em mim e que REALMENTE gostam do meu trabalho e que viram nesse último algo original e de qualidade que merecia ser destacado. Peço apenas que a CAC -Coordenação de Artes Cênicas de Porto Alegre reavalie a proposta de ser destinado um valor em dinheiro para os prêmios - senão em todas as categorias - ao menos na categoria Melhor Dramaturgia, pela qual eu tanto batalho e me esforço em divulgar. 

Pra encerrar, agradeço a todos os amigos que torceram por mim esses anos todos (mas só os que torceram de verdade, ok?!). Venci pelo cansaço. Não fui buscar o troféu pelo mesmo motivo. 

É só isso o que eu queria dizer. Um feliz fim de mundo pra todos nós e um ótimo novo período que inicia! 

*Não fui a cerimônia receber o troféu por este motivo: já havia criticado publicamente (Para ler a entrevista concedida ao Zero Hora na qual reafirmo essa posição, CLIQUE AQUI) a Coordenação de Artes Cênicas de Porto Alegre pelo fato de não concederem prêmio em dinheiro para a categoria Melhor Dramaturgia (na qual estava indicado e vim a ser premiado), diferente do que acontece com outras áreas, como direção e atuação, por exemplo. Por esse motivo não achei certo ir até lá receber este prêmio já que discordo de tal distinção entre as categorias principais e a dramaturgia. 

Para ler a repercussão da tal crítica junto a um dos membros da Coordenação de Artes Cênicas de Porto Alegre, CLIQUE AQUI.




Enfim, apesar de tudo, espero sinceramente que a dramaturgia comece a se estabelecer com força aqui no RS e que mais autores surjam dia após dia e que sejam cada vez mais reconhecidos por seus trabalhos e esforços.


FELIZ 2013 PRA TODOS VOCÊS!



domingo, 16 de dezembro de 2012

Peça "Teresa e o Aquário" é publicada em Portugal


Ontem, sábado, 15 de dezembro, rolou em Portugal a leitura dramática de Teresa e o Aquário, peça de minha autoria escrita em 2008 e que acaba de ser lançada por lá numa coletânea que reúne textos de 12 dramaturgos de língua portuguesa, durante a MAD'12 - Mostra Anual de DramaturgiaEste foi o lugar onde ocorreu o evento:




suntuoso prédio localizado no Monte da Caverneira chama-se – é claro! – Quinta da Caverneira. A leitura dramática foi dirigida por e trazia no seu elenco ninguém menos que ele, Guy Fawkes (sim, ele mesmo!!!). No elenco ainda trazia nomes consagrados, como o misterioso C. M. (ver lista completa nos links abaixo).  

Onde eu estava na hora da leitura da peça? Ah, certamente por aqui, tentando resolver mal entendidos recentes e fazendo outros entenderem coisas que todo mundo prefere ignorar... 




Mas tá! Não há do que reclamar! Afinal de contas, "receber" um prêmio local (finalmente!) e no dia seguinte ter uma peça lançada no exterior não é sempre que acontece... Só espero que as pessoas não pensem que este foi consequência daquele. Acreditar nisso seria subestimar a minha inteligência e, sobretudo, o meu esforço esses anos todos.!


Obrigado a todos os que torcem por mim e pelo meu trabalho. Até breve!

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